terça-feira

As costas desnudas o chamavam pra mais uma foda. Foi o tempo de ela levantar da cama e ir pro chuveiro. Meio copo de conhaque guela abaixo e foi atrás... Não deu um segundo estava ele dentro dela, de novo.

quinta-feira

Arranjos dos meus olhos masculinos

Te olhar. Só te olhar. Contemplar tua beleza nua, crua, teus contornos assimétricos e tuas curvas imperfeitas que te fazem mulher. Me perder nos caminhos do teu corpo. Caminhos que me levam a mil paraísos distintos, cada um deles deliciosamente diferente do outro, provocantemente mais nublados, aveludados. Acariciar tua face e desvendar de olhos fechados tuas infinitas expressões, tuas feições, desejos. Sentir teus lábios virgens, fragilizados com meus dedos ásperos e rudes, e acalmá-los com o toque da minha boca seca, que anseia por tuas águas. E assim torná-los impuros. Dedilhar teus volumes, teus planaltos e vales, tal como um piano, te fazer instrumento meu e tocar. Compor melodias com teus cheiros e cores e me embriagar com as notas que moldam teus países, estados, cidades. De norte a sul percorrer teu continente, de leste a oeste, e nas tantas outras possiveis direções que possam te fazer gemer. Mas gemer mesmo, em um agudo estridente que me faça querer te dar cada vez mais prazer. Que trinque o vidro das janelas não só do quarto, mas da casa inteira, para que todos possam ouvir e sentir o quão consistentes nós somos juntos, amantes imprudentes esbanjando mil formas de se perder, de se querer. Minha amada, eu te quero.

terça-feira

Motelíssimo

peguei os últimos centavos que tilintavam na bolsa vinho dela e joguei-me às ruas. sentia meu íntimo, por completo, tomado por tamanho envolvimento que já não me cabiam nas cuecas xadrez. todas as suas pérolas. o esmalte de puta pobre mesmo, arrancado durante um banho em que se preparava pra tomada ser, por completo, por alguém que fornecesse àquela garota um pouco de amor cafajeste. cor de céu escuro, limpo de estrelas mas sujo de alma. azul-escuro. e o sexo, vermelho-vinho por si só tal qual a bolsa que guardava todos os suprimentos daquela mulher. limpei os últimos resquícios de batom que ainda me habitavam enquanto pisava fundo na calçada e sentia os pingos de chuva daquela madrugada de quinta. relembrei cada toque mulheril em minha carne e em meu corpo. relembrei, ah, e juntei todos os momentos em que aquele ser vivo, herdeira de eva em osso, pele e veneno, fizera de nós, vinho. esvaídos pela hidromassagem e envelhecidos pelo amor pago. foi quando subi as escadas, contra o vento, deixando o tilintar dos últimos centavos no chão e as cascas de unha azul enfeitando o ralo, deitando na cama, rápido, e roubando algo muito mais valioso do que a sua dignidade.

quinta-feira

Prostíbulo imaginário

Luxúria me adentra as veias como uma droga qualquer e camuflando-se familiar ao meu corpo se encaixa perfeitamente em todo e qualquer espaço por onde passa. Me tem sido tão frequente essa presença que cogito a infeliz possibilidade de não conseguir mais ficar sem. Descaso do vício me drogar assim. Minhas unhas tornam-se frágeis e quebradiças sem o vermelho (por que vermelho?), efeito colateral de tanto pecado nesse teu sangue mulher. Aceita tua triste realidade de fumar, cair e dar. Minha triste realidade. Um passo em falso e outros dez virão em seguida, prontos a me jogar numa cama e é quando eu perco toda essa pose de lady, codinome "dama" já não mais mereço, só se for da noite, e olhe lá, olhe bem atravessado, porque aquela menina das seis da tarde se embriagou no alcool do papai, meu bem. Perdi todo aquele brilho dos olhos pra me dar a chance de ser mais (bem mais) - e não quero estar desnuda quando isso acontecer. Me barganhe a langerie mais luxuosa destes arredores de fumaça, de preferência sem rendas, pra não correr o risco de rasgar na Hora. Quem sabe isto seja só um amanhecer dissimulado, me bate na cabeça (virilha) os mais promíscuos desejos, que certamente minha pouca idade não será capaz de realizar, no entanto, ao passar do dia, as saias vão se mostrando mais curtas, mais ágeis, díficeis que se abaixar. E as experiências pouco contam quando não se pode pronunciar sequer um pio boca afora. Eu queria que fosse com você! Mas todo esse perfume vagabundo que circunda em mim não te afeta e se eu me perco dia após dia tanto faz, tanto fez pra ti. Eu ainda quero que seja assim, eu estou tão acostumada a abrir as pernas agora que me avermelha a face só de pensar (por que vermelho?). É droga mesmo! De todos os ângulos possíveis de se olhar é veneno. Ô menina, aonde deixou essa cabeça te levar? Toda bebida aqui de casa evaporou, mas não fui eu papai, eu juro. Talvez este prazer de pouca idade não me deixe negar, mas quem sabe escape por esse meu bafo de drogada algumas palavras que deixem claro que meu pecado tem penitência. Não há manuais de instrução de como não se tornar uma vadia, assim fica díficil adivinhar, Num mundo de tantos rótulos - além dos da cerveja - não é impossível se perder do caminho, visto que tantas outras mil pessoas cuidam desse caminho também. E essas pornografias na minha cabeça de young lady diurna intimidam muitas bocas mal lavadas que andam nas noites por aí. E eu quero mesmo rachar os tabus, quebrar eu deixo pra próxima, mas as rachaduras serão comigo, afinal de contas toda pseudomulher deve aceitar sua realidade. Cair... cair... e cair. Imergir em toda esta sujeira femina desfigurada e quem sabe, ser imune ao sabor que se faz corromper, se tornar uma Dama de sorte e dar uma boa tragada num cigarro velho. Ter a fruta amadurecida e se nutrir do devido respeito de nunca se entregar a um homem, para a luxúria poder adentrar as veias o quanto quiser, sem surtir um efeito sequer.

domingo

This is about emotion.