quinta-feira

Prostíbulo imaginário

Luxúria me adentra as veias como uma droga qualquer e camuflando-se familiar ao meu corpo se encaixa perfeitamente em todo e qualquer espaço por onde passa. Me tem sido tão frequente essa presença que cogito a infeliz possibilidade de não conseguir mais ficar sem. Descaso do vício me drogar assim. Minhas unhas tornam-se frágeis e quebradiças sem o vermelho (por que vermelho?), efeito colateral de tanto pecado nesse teu sangue mulher. Aceita tua triste realidade de fumar, cair e dar. Minha triste realidade. Um passo em falso e outros dez virão em seguida, prontos a me jogar numa cama e é quando eu perco toda essa pose de lady, codinome "dama" já não mais mereço, só se for da noite, e olhe lá, olhe bem atravessado, porque aquela menina das seis da tarde se embriagou no alcool do papai, meu bem. Perdi todo aquele brilho dos olhos pra me dar a chance de ser mais (bem mais) - e não quero estar desnuda quando isso acontecer. Me barganhe a langerie mais luxuosa destes arredores de fumaça, de preferência sem rendas, pra não correr o risco de rasgar na Hora. Quem sabe isto seja só um amanhecer dissimulado, me bate na cabeça (virilha) os mais promíscuos desejos, que certamente minha pouca idade não será capaz de realizar, no entanto, ao passar do dia, as saias vão se mostrando mais curtas, mais ágeis, díficeis que se abaixar. E as experiências pouco contam quando não se pode pronunciar sequer um pio boca afora. Eu queria que fosse com você! Mas todo esse perfume vagabundo que circunda em mim não te afeta e se eu me perco dia após dia tanto faz, tanto fez pra ti. Eu ainda quero que seja assim, eu estou tão acostumada a abrir as pernas agora que me avermelha a face só de pensar (por que vermelho?). É droga mesmo! De todos os ângulos possíveis de se olhar é veneno. Ô menina, aonde deixou essa cabeça te levar? Toda bebida aqui de casa evaporou, mas não fui eu papai, eu juro. Talvez este prazer de pouca idade não me deixe negar, mas quem sabe escape por esse meu bafo de drogada algumas palavras que deixem claro que meu pecado tem penitência. Não há manuais de instrução de como não se tornar uma vadia, assim fica díficil adivinhar, Num mundo de tantos rótulos - além dos da cerveja - não é impossível se perder do caminho, visto que tantas outras mil pessoas cuidam desse caminho também. E essas pornografias na minha cabeça de young lady diurna intimidam muitas bocas mal lavadas que andam nas noites por aí. E eu quero mesmo rachar os tabus, quebrar eu deixo pra próxima, mas as rachaduras serão comigo, afinal de contas toda pseudomulher deve aceitar sua realidade. Cair... cair... e cair. Imergir em toda esta sujeira femina desfigurada e quem sabe, ser imune ao sabor que se faz corromper, se tornar uma Dama de sorte e dar uma boa tragada num cigarro velho. Ter a fruta amadurecida e se nutrir do devido respeito de nunca se entregar a um homem, para a luxúria poder adentrar as veias o quanto quiser, sem surtir um efeito sequer.

3 comentários:

  1. como eu ja disse, tu é a minha feminista preferida e única. cuidado da próxima vez que roubar as coisas do papai, deve ser por isso que vocês tão brigando, né. i love you my girl

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  2. GEEENTE tive que dar uma gozada né
    ja sou seguidora oficial hein!

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  3. Como é que eu fiquei tanto tempo sem saber desse espaço? Tô embriagado.Anais Nin perde feio!

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